Monday, August 04, 2008

Casa Vazia * * * * *

Bin-jip (2004)
3 - Iron (em in
glês...)
Kim Ki-duk - Coréia do Sul

Prêmios: Festival de Veneza (diversos prêmios e nomeações), San Sebastián, Valladolid, etc...

A História:

O enredo é o de menos: um jovem vive de descobrir casas das quais os donos viajaram, arrombá-las e habitá-las durante alguns dias, sem roubar nada e ainda realizando pequenos reparos em coisas quebradas ou até mesmo lavando roupas. Numa dessas ele entra na casa de uma jovem que sofre com a solidão de uma vida sem propósito. Seu marido é agressivo e insatisfeito, e vai para o trabalho, deixando a moça sozinha. Ela fica tanto tempo em silêncio e escondida pelos cantos que o arrombador pensa estar sozinho na casa. Quando os dois se encontram, suas vidas mudam completamente, como se estivessem esperado por isso pra começar a viver.

Porque é bom:

Pelo simbolismo de diversos elementos. É um filme que, quase sem palavras, fala sobre marginalização social, sobre amor e entrega, sobre diferenças, sobre possibilidades, sobre a solidão. As imagens são tão carregadas que as palavras não fazem falta. Não sei explicar em palavras o valor deste filme, por ser uma obra de arte, de verdade. Tudo o que posso dizer é que, depois dele, passei a buscar e a encontrar uma liberdade verdadeira no silêncio.

Sobre o diretor:

Tudo o que eu sei é que ele é genial, e extremamente sensível. Já ganhou diversos prêmios com seus filmes ("Time", "Primavera, verão, outono, inverno e... Primavera", "The Bowl", "B ad Guy", "A Ilha", etc...). Muito conhecido na Coréia do Sul. O comentário dele sobre a personagem feminina:
"Somos todos casas vazias à espera de alguém que nos abra a porta e nos liberte. Um dia o meu sonho se torna realidade. Um homem aparece como um fantasma eme tira desta conformidade. E eu o acompanho sem dúvidas, sem reservas, até que finalmente encontro meu destino".


ASSSSISSSSTAAAAAAAA!!!!!



Wednesday, January 17, 2007

Suicide Club * * *


Jisatsu Saakuru (2002)
Suicide Circle (em inglês...)
Sono Shion - Japão

Prêmios: Fant-Asia Film Festival

A História:

O filme é a primeira cena: A estação de metrô se enche de colegiais bonitinhas, provavelmente saindo da aula, batendo papo animadamente, como num dia qualquer em Tóquio. De uma hora pra outra todas as 54 garotas se dão as mãos, contam até 3 e pulam na frente do metrô. (acho que se vc só tem 5 minutos pra assistir, tudo bem, pode desligar e cuidar da vida depois desta cena...)
Chocado e intrigado, o detetive Kuroda e seus colegas começam a investigar o suicídio coletivo, e descobre que as estudantes não eram sequer da mesma escola, provavelmente nem se conheciam, o que deixa o motivo mais misterioso ainda. E cada vez mais estudantes e jovens começam a se suicidar, como se houvesse alguma epidemia, o que a princípio parece ser intrigante... Em todas as cenas de suicídio as pessoas se portam como se tudo fosse perfeitamente normal, e como se viver simplesmente não tivesse sentido algum. Durante o filme todo há cenas desses jovens escutando um grupo musical adolescente chamado Dessert -uma febre tipo Menudo só que japonês- que parece ser a única conexão entre os suicidas...

Porque é bom:

A primeira cena é perturbadora, é há várias outras assim durante o filme. A situação apresentada causa um desconforto e ao mesmo tempo uma curiosidade sobre o que pode motivar um suicídio de pessoas aparentemente tão seguras e tranquilas acerca da decisão (contraditoriamente, adolescentes costumam ser os mais inseguros...). O Japão tem um alto índice de suicídios na juventude (O maior de todos, segundo a OMS), provavelmente reflexo do grande conflito cultural sofrido pelo país (o apelo e a invasão da mídia ocidental e o consumismo exagerado), a pressão profissional e psicológica sofrida pelos jovens (que fazem a escolha profissional aos 14 anos), entre outros aspectos que eu só vou saber quando ler mais a respeito hehehe...

Porque não é tão bom:

Porque as tramas (muitas) e os gêneros explorados (terror, suspense, poético, até comédia...) não são lá muuuito bem costurados. Não há uma conexão entre todos os elementos, há muita informação no filme, mas muita coisa incompleta.

Destaque:

A cena da namorada deitando-se na marca de giz que sinalizava onde o namorado suicida havia caído. Ela estava tentando compreender o suicídio, foi uma cena plasticamente muito bonita.
Outra coisa: A música tocada pelo personagem Gênesis (um roqueiro excêntrico que lidera um grupo sádico e quer chamar atenção da mídia a todo custo) chega a dar arrepios, é bem macabra!

PROCURE E ASSISTA!

Sunday, December 24, 2006

O Albergue * *

Hostel (2005)
Eli Roth - EUA
Tarantino: esse filme não é dele, ele apenas foi o produtor executivo, OK?
18 aninhos hein?

A História:

Dois americanos (com direito à todos aqueles clichês que merecem) se unem a um islandês e fazem um mochilão pela Europa, atrás de "aventuras" (sexo, drogas e sexo). Em Amsterdam, quando ficam de fora do Albergue, por causa do horário, conhecem um outro viajante que os convence a ir a uma cidade desconhecida da Eslováquia, onde as mulheres são todas lindas e loucas e não há limites para as experiências sexuais. (elas tb são puro clichê da mulher do leste europeu, achos que os eslovacos não devem ter gostado da idéia...)
Lá tudo parece ser um paraíso, mas na verdade tudo não passa de uma armadilha...
OK, OK, todo mundo já sabe do que trata o filme, por isso vou contar: Eles são sequestrados e conduzidos à um lugar onde as pessoas são torturadas até a morte. Com direito à todo aquele sangue do Tarantino !

Por que é bom:

Porque é terror de verdade, pelo menos até o ponto em que a vítima descobre tudo e faz o terror virar simplesmente ação com sangue. Me lembrou Psicose. Não, não quero comparar os dois filmes, Deus que me perdoe... Mas o Albergue deixa a gente um pouquinho angustiado, porque até certo ponto as personagens não sabem exatamente com o que estão lidando. Me lembrou os matadouros, em que o boi sabe que vai morrer, vê o sangue escorrendo, mas não sabe exatamente o porque de estar ali. Gostei da parte sangrenta, geralmente eu tenho muita preguiça, mas dessa vez a carnificina foi feita sem dó.

Por que não é tão bom:

Esse filme não faz a gente sentir lá muita coisa. Na verdade, a gente acaba de assistir, passa algumas horinhas pensando no sangue e depois esquece... Eu viajaria pra Eslovakia numa boa depois dele... Poderia ter sido mais explorado o lado da ligação dos crimes com a mente doentia dos torturadores, o envolvimento com a polícia... Se bem que aí ia ser daqueles filmes bobos que a gente não precisa pensar... Enfim, ficou faltando alguma coisa que fizesse a gente se identificar com algum aspecto que fosse, ou pra sentir mais medo, ou mais pena, ou pra rir, ou pra chorar... Enfim...
As personagens tb ficaram um pouco superficiais, a gente tem que se contentar com os estereótipos...
É claro que se vc for uma pessoa fresquinha demais, vc vai ficar impressionado. Caso contrário... Alugue, se não houver nenhum outro que vc já queira ha mais tempo...
Pensando bem, acho até que vou reduzir as estrelinhas da classificação hehehe...

Destaque:

Os meninos Eslovacos, que formam uma gangue mirim que assalta qualquer um qdo querem chicletes ou dinheiro... Eles sim são assustadores hehe!

ASSISTA...



Monday, July 31, 2006

A Viagem de Chihiro * * * * *

Sen to Chihiro no Kamikakushi (2001)
Spirited Away (em inglês...)
Hayao Miyasaki - Japão

Principais prêmios:

Oscar de melhor animação, indicado ao BAFTA e ao Cesar, e o primeiro longa de animação a ganhar o Urso de Ouro no Festival de Berlim.

A História:

Chihiro está de mudança com os pais para outra cidade, e no caminho da viagem de carro eles se perdem, indo parar num lugar que parece um parque temático abandonado. Trata-se de uma casa de banhos para deuses e espíritos, onde seres humanos não são bem vindos. Quando anoitece, os pais da menina são transformados em porcos, e ela se vê perdida num mundo mágico e desconhecido onde uma série de eventos fantásticos acabam transformando para sempre sua vida, numa belíssima metáfora para o crescimento emocional e a jornada do autoconhecimento que a menina enfrenta. É uma história sobre coragem, amizade e determinação.
Com a ajuda de Haku, um jovem feiticeiro, Chihiro começa a trabalhar na casa de banhos, para fugir do mesmo destino de seus pais, enquanto tenta salva-los e voltar para casa. Para isso, ela perde seu próprio nome (passa a se chamar Sen) para a feiticeira Yubaba, e precisa ser forte para preservar sua identidade.

Porque é tão bom:

A simbologia da menina que se perde num mundo mágico e desconhecido e precisa superar os obstáculos para descobrir sua força interior (tradição/ruptura) já foi usada em Alice no País das Maravilhas e o Mágico de Oz, por exemplo. Mas esse filme impressiona pela riqueza de elementos e pela delicadeza com que a história é mostrada. É diferente da fórmula ocidental dos contos de fadas. Miyasaki não parece estar muito preocupado com o Maniqueísmo da maioria dos filmes infantis, nem com a vitória ou derrota da personagem principal. A bruxa má -como em outros filmes do diretor ou de seus estúdios- pode em alguns momentos ser chamada de vovó, com todo o respeito e carinho. O que importa no filme é o percurso- de autoconhecimento, talvez?- e não uma conquista em si, como salvar o mundo, vencer uma doença ou se tornar a garota mais popular da escola.
Miyasaki é sensível. A fotografia é linda, as personagens são densas, a trilha sonora muito bem criada. Elementos mitológicos orientais são mesclados no filme com figuras, seres e imagens fantásticos, que compõem um universo complexo e muito bem bolado, criativo, e, acima de tudo, belo. Belas cenas, belas paisagens, belas lições... Uma obra prima.

Personagem de destaque: Kaonashi (Sem-Face)

Quem chamou muita atenção na trama é o espírito/monstro sem face. O que ele simboliza? A ganância? A fome? O medo da guerra nuclear? Segundo o próprio criador, Sem-Face representa o conflito do Japão tradicional com o moderno, a busca por uma nova identidade no choque de valores desses dois mundos tão opostos. Sem-Face é um espírito que oferece dinheiro para atrair os gananciosos e depois os come, tornando-se cada vez maior e mais voraz, como se absorvesse a personalidade de quem devorou.

Viagem né?

Resta dizer que este é o meu filme predileto -meu DVD já rodou inclusive pelas casas de um milhão de amigos meus (Pedro, vê se devolve hein?). Qualquer pessoa que assistir, independente da idade, vai gostar. Por causa dele, inclusive, fiquei fã de anime, do Hayao Miyasaki e dos Studis Ghibli. Provavelmente ainda vou falar um bocado aqui sobre esses artistas geniais- e de seus trabalhos fascinantes!


ASSISTA!!! ASSISTA!!! ASSISTA!!!