Monday, July 31, 2006

A Viagem de Chihiro * * * * *

Sen to Chihiro no Kamikakushi (2001)
Spirited Away (em inglês...)
Hayao Miyasaki - Japão

Principais prêmios:

Oscar de melhor animação, indicado ao BAFTA e ao Cesar, e o primeiro longa de animação a ganhar o Urso de Ouro no Festival de Berlim.

A História:

Chihiro está de mudança com os pais para outra cidade, e no caminho da viagem de carro eles se perdem, indo parar num lugar que parece um parque temático abandonado. Trata-se de uma casa de banhos para deuses e espíritos, onde seres humanos não são bem vindos. Quando anoitece, os pais da menina são transformados em porcos, e ela se vê perdida num mundo mágico e desconhecido onde uma série de eventos fantásticos acabam transformando para sempre sua vida, numa belíssima metáfora para o crescimento emocional e a jornada do autoconhecimento que a menina enfrenta. É uma história sobre coragem, amizade e determinação.
Com a ajuda de Haku, um jovem feiticeiro, Chihiro começa a trabalhar na casa de banhos, para fugir do mesmo destino de seus pais, enquanto tenta salva-los e voltar para casa. Para isso, ela perde seu próprio nome (passa a se chamar Sen) para a feiticeira Yubaba, e precisa ser forte para preservar sua identidade.

Porque é tão bom:

A simbologia da menina que se perde num mundo mágico e desconhecido e precisa superar os obstáculos para descobrir sua força interior (tradição/ruptura) já foi usada em Alice no País das Maravilhas e o Mágico de Oz, por exemplo. Mas esse filme impressiona pela riqueza de elementos e pela delicadeza com que a história é mostrada. É diferente da fórmula ocidental dos contos de fadas. Miyasaki não parece estar muito preocupado com o Maniqueísmo da maioria dos filmes infantis, nem com a vitória ou derrota da personagem principal. A bruxa má -como em outros filmes do diretor ou de seus estúdios- pode em alguns momentos ser chamada de vovó, com todo o respeito e carinho. O que importa no filme é o percurso- de autoconhecimento, talvez?- e não uma conquista em si, como salvar o mundo, vencer uma doença ou se tornar a garota mais popular da escola.
Miyasaki é sensível. A fotografia é linda, as personagens são densas, a trilha sonora muito bem criada. Elementos mitológicos orientais são mesclados no filme com figuras, seres e imagens fantásticos, que compõem um universo complexo e muito bem bolado, criativo, e, acima de tudo, belo. Belas cenas, belas paisagens, belas lições... Uma obra prima.

Personagem de destaque: Kaonashi (Sem-Face)

Quem chamou muita atenção na trama é o espírito/monstro sem face. O que ele simboliza? A ganância? A fome? O medo da guerra nuclear? Segundo o próprio criador, Sem-Face representa o conflito do Japão tradicional com o moderno, a busca por uma nova identidade no choque de valores desses dois mundos tão opostos. Sem-Face é um espírito que oferece dinheiro para atrair os gananciosos e depois os come, tornando-se cada vez maior e mais voraz, como se absorvesse a personalidade de quem devorou.

Viagem né?

Resta dizer que este é o meu filme predileto -meu DVD já rodou inclusive pelas casas de um milhão de amigos meus (Pedro, vê se devolve hein?). Qualquer pessoa que assistir, independente da idade, vai gostar. Por causa dele, inclusive, fiquei fã de anime, do Hayao Miyasaki e dos Studis Ghibli. Provavelmente ainda vou falar um bocado aqui sobre esses artistas geniais- e de seus trabalhos fascinantes!


ASSISTA!!! ASSISTA!!! ASSISTA!!!




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